Comunità di S.Egidio


 

13 de Fevereiro de 2000

 SANTO EGIDIO, ROMA E O MUNDO
A COMUNIDADE QUE LUTA PELA PAZ

 

TEM 30 ANOS FOI FUNDADA POR UM HOMEM QUE DESCOBRIU TARDIAMENTE O ENCANTO DOS EVANGELHOS. SANTO EG�DIO � HOJE, PARA TODO O MUNDO, UM EXTRAORDIN�RIO EXEMPLO DE COMO UM GRUPO DE HOMENS CRENTES EM CRISTO PODE FAZER UMA OBRA ASSINAL�VEL, COMPROMETENDO-SE COM OS MAIS POBRES, LEVANDO A PAZ ONDE S� EXISTIA MEM�RIA DE GUERRAS. LISBOA RECEBEU ANDREA RICCARDI, O FUNDADOR DESTA COMUNIDADE. O PRETEXTO FOI O LAN�AMENTO DO LIVRO SOBRE SANTO EG�DIO E O PERCURSO REALIZADO, DESDE QUE A COMUNIDADE FOI FUNDADA EM 1968.

 

A Comunidade de Santo Eg�dio �, sem d�vida, uma coisa que saiu do Conc�lio Vaticano II, mas que emergiu com clareza sobretudo quando as tens�es e as energias originadas pelo Vaticano II "corriam o risco de n�o se encontrarem". O Arcebispo de Mil�o, Cardeal Carlo Maria Martini, descreve assim, no Pref�cio deste livro, o momento e a inspira��o em que, em It�lia, foram lan�adas as bases do que viria a ser essa comunidade.

A sua h�st�ria � curta se considerarmos o tempo, e imensa, se tivermos em conta a obra que j� se realizou. Andrea Riccardi fundou a Comunidade de Santo Eg�dio em 1968. Hoje, s�o mais de 15 mil em todo o mundo, e a sua ac��o passa, essencialmente, pela actividade de forma��o para a solidariedade, a promo��o de iniciativas locais de ajuda aos pobres e exclu�dos, o trabalho com emigrantes, assim como a orienta��o de projectos de solidariedade e coopera��o com pa�ses do Sul. Mas, se assim se pode dizer, a grande causa desta comunidade tem sido a causa da paz. Recorde-se, como exemplo que nos � pr�ximo, que foi Andrea Riccardi o grande impulsionador do di�logo entre Governo e Renamo, que haveria de conduzir �paz em Mo�ambique, s�tua��o que ainda hoje pode ser vista como um o�sis entre as guerras que dilaceram aquele continente, vergado por �dios antigos, diverg�ncias entre etnias e (des)coloniza��es mal feitas. Mas n�o foi s� em Mo�ambique que estes crist�os procuraram lan�ar sementes da paz. A Arg�lia, Guatemala, Sud�o, Burundi, ou o Kosovo, s�o locais onde estiveram presentes, onde ainda n�o desisti-ram de levar o prop�sito da reconcilia��o que � o primeiro passo para a paz entre os povos.

A obra de Santo Eg�dio esteve em foco, na semana passada, em Lisboa. O pretexto foi o lan�amento de um livro - uma entrevista a Riccardi -que resultou num livro agora editado pelo Circulo de Leitores: "Santo Eg�dio, Roma e o Mundo". Ao longo das p�ginas deste livro percebe-se melhor a import�ncia desta obra feita, como dizia Carlo Maria Martini, pelo esp�rito do Conc�lio Vaticano II.

Op��o pelos mais
pobres

Santo Eg�dio � uma comunidade de leigos (apesar de tamb�m ter padres), mas �, sobretudo, um lugar de ora��o, implantado nos meios pobres, em busca da paz. Se defini��o houvesse para os membros de Santo Eg�dio, poder�amos ficar por aqui. A op��o pelos mais pobres, mais desprotegidos, mais fragilizados da nossa sociedade e, paralelamente, uma busca furiosa dos caminhos da paz. Frei Bento Domingos, respons�vel pela colec��o "Nova Consci�ncia" em que este livro se integrou, foi um dos elementos presentes, a par do primeiro ministro da Guin� Bissau e de M�rio Soares, al�m, claro, do pr�prio fundador da Comunidade e autor do livro, Andrea Riccardi.. Frei Bento, sublinhou, � VOZ DA VERDADE, "a internacionaliza��o da estrat�gia da paz" de que esta comunidade foi precursora. Mas, sublinhou, "uma estrat�gia que radica na sua f� cat�lica. Esta comunidade �um caso �nico no mundo. Eles, hoje, procuram, sobretudo, continuar e renovar o esp�rito de Assis". A Comunidade de Santo Eg�dio, porque congrega essencialmente leigos, n�o �uma comunidade de religiosos. �, isso sim, uma comunidade de crist�os, muitos deles com vida familiar constitu�da, vivendo os seus caminhos pr�prios, embora reunindo- se, todos os dias, para cantarem as v�speras. A Comunidade de Santo Eg�dio � reconhecida pelo Papa Jo�o Paulo II, podendo considerar-se essencialmente lit�rgica, ou seja, fundada numa leitura que se quer exigente da B�blia. "Fundada por cat�licos, esta comunidade acolhe no seu seio tanto protestantes como ortodoxos, sem o m�nimo embara�o" - l�-se na introdu��o do livro. "Romana, conhecida e reconhecida pelo Bispo de Roma, expandiu-se pela Europa, e resto do mundo, incluindo paragens onde a autoridade do Papa � ignorada". A Comunidade de Santo Eg�dio existe, tamb�m, em Portugal, tendo organizado, no ano passado, a morat�ria do ano dois mil para a pena de morte. Quem desejar contactar com eles, pode faz�-lo para o Largo Primeiro Tenente Jo�o, rua de Moura, n.1 - 1� dt�, Lisboa, o telefone � 21 851 27 74

Paulo Aido

 


LISBOA NO CAMINHO DE SANTO EG�DIO

 

Este ano, a Comunidade de Santo Eg�dio prop�e-se realizar, em Lisboa, em data ainda n�o estabelecida, uma confer�ncia de di�logo inter-religioso. Andrea Riccardi, em declara��es � VOZ DA VERDADE, referiu
que espera, desse encontro, "um di�logo de civiliza��es e de religi�es no esp�rito de Assis, ou seja, sob o signo da paz e do reencontro da diferen�a. Sempre um ao lado do outro, nunca um contra o outro. Nada
de indiferen�a, mas sim sublinhando a for�a da pr�pria f�, porque � uma for�a pac�fica'. Quando questionado sobre a raz�o que levou � escolha de Lisboa para cen�rio desse encontro, Riccardi sorriu e disse que "Lisboa � o extremo ocidente da Europa. Portugal desempenha um papel muito interessante na Europa nestes dias que correm e n�s esperamos faze-la aqui'.

No que respeita � quest�o premente que ainda se coloca a Timor e ao papel eventual que a Comunidade de Santo Eg�dio pode a� desempenhar. Andrea Riccardi disse, apenas, "estar a acompanhar o processo, quer em Timon quer na Indon�sia", contando vir a receber, em Roma, o presidente daquele pa�s, o que poder� ser aproveitado para relan�ar o di�logo entre crist�os e mu�ulmanos. Sobre o actual presidente da Indon�sia, Riccardi afirmou que ele "� o exemplo do dirigente pol�tico mu�ulmano tolerante e dialogante".