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25 de setembro de 2000
Religi�es em busca da unidade perdida
Confiss�es lan�am desafio: o futuro tem de passar pelo di�logo e por uma nova �tica mundial
Ser� que o processo de paz alcan�ado em Mo�ambique � imposs�vel noutros locais do mundo, como, por exemplo, no M�dio Oriente? Samuel Sirat, representante dos rabinos da Europa, diz que n�o. E, ontem, no final da sess�o de abertura do encontro da Comunidade de Santo Eg�dio, lan�ou um desafio: "Ousemos n�s, homens de religi�o, falar de Paz." Sirat argumentou com Mo�ambique e com a forma como a Comunidade de Santo Eg�dio conseguiu conciliar aquilo que parecia inconcili�vel e contrap�s com a desilus�o de Camp David, quando, no ano passado, os pol�ticos n�o chegaram a acordo para o M�dio Oriente. O rabino lembrou que, "tal como a guerra e a viol�ncia s�o contagiosas, a paz tamb�m o �", mas n�o basta "rezar nem implorar a gra�a infinita de Deus. � necess�rio agir e ultrapassar a ang�stia e o sentimento de fraqueza". Quase no in�cio do novo mil�nio, os sinais come�am a chegar. Os homens de religi�o "est�o, finalmente, a conversar e a conviver entre si", sustentou ainda Sirat.
Esta tend�ncia foi tamb�m defendida por Aram Keshishian, primaz dos arm�nios da Cil�cia, L�bano: "O di�logo entre religi�o � cada vez mais um dever e uma necessidade, j� que temos de viver juntos, nesta aldeia global." Para Aram Keshishian, "encontrar, novamente, a unidade dada por Deus � agora o grande desafio da Igreja".O di�logo, a conversa��o, as proximidades, apesar das diferen�as, s�o, agora, uma arte que pode tra�ar os des�gnios do mundo. E isso mesmo foi dito, frisado e relembrado por quase todos, na sess�o de abertura do encontro de Lisboa. O pr�ncipe da Jord�nia, El-Hassan Bin Talal, um dos intervenientes, que se apresentou com o t�tulo de "humilde servidor do meu Senhor", referiu mesmo esperar que este encontro seja mais um passo "na arte da conversa��o e da busca por um c�digo comum de conduta". El-Hassan defendeu a cria��o de uma "nova ordem �tica mundial com base no respeito pela partilha e pelo outro", argumentando que a globaliza��o n�o � s� uma quest�o pol�tica ou econ�mica: � tamb�m "a partilha de valores e culturas universais". � que, e como sublinhou o primeiro-ministro de Marrocos, "sem paz, n�o h� justi�a e nem desenvolvimento".
Ana Mafalda In�cio