Comunità di S.Egidio


 

29/03/2001

Tratamento da SIDA
Mo�ambique vai introduzir anti-retrovirais
anuncia, na Assembleia da Rep�blica, o Ministro da Sa�de, ressalvando a necessidade de uma regulamenta��o r�gida sobre a mat�ria

 

MO�AMBIQUE vai introduzir medicamentos anti-retrovirais para o tratamento da SIDA no pa�s, segundo anunciou ontem, em Maputo, o Ministro da Sa�de, Francisco Songane. Contudo, chamou a aten��o para o facto de que, mais do que estes medicamentos, a preven��o � a melhor arma para o combate a esta doen�a, pois as drogas para o seu tratamento s�o extremamente onerosas para o pa�s. O governante, que respondia �s preocupa��es que lhe foram colocadas pelos deputados da Assembleia da Rep�blica, advertiu que ter� de haver uma regulamenta��o muito r�gida para uso destes medicamentos, sobretudo para evitar problemas colaterais.

�Sim, vai haver anti-retrovirais no pa�s, mas n�o percamos de vista que a pedra angular, a arma fundamental para o combate a esta doen�a � a preven��o�, disse Songane, lembrando ainda que estas drogas n�o curam a SIDA mas melhoram consideravelmente a qualidade de vida do doente. Anunciou ainda que presentemente decorrem contactos com a India e o Brasil visando a importa��o destes medicamentos, prometendo para breve um an�ncio p�blico sobre que passos est�o a ser seguidos para a introdu��o de anti-retrovirais no pa�s.

Porqu� o Brasil e a lndia, esta foi uma das perguntas colocadas pelos deputados, ao que o ministro respondeu que o pa�s n�o est� � altura de introduzir estas drogas com os pre�os que as grandes companhias multinacionais, nomeadamente dos Estados Unidos da America e da Europa Ocidental praticam. Estas companhias, segundo referiu Songane, aplicam valores que ascendem os 12 mil d�lares/ ano por cada doente. A India, por exemplo, com medicamentos de qualidade reconhecida, faz o mesmo tratamento com um valor na ordem de 600 d�lares/ano. Valores id�nticos aplicam-se em rela��o ao Brasil e, segundo explica��es de Francisco Songane, s� se pode avan�ar neste programa se houver garantias de sustenta��o. Para o ministro, vale mais o principio activo do que o comercial.

�Temos estas alternativas e � por elas que estamos a trabalhar. H� grupos de trabalho com o Brasil e a India. E devo dizer que mesmo com estes valores que nos apresentam, um simples cidad�o n�o teria a capacidade de os suportar, sobretudo tendo em conta as despesas correntes de uma fam�lia�, sublinhou.

O Ministro da Sa�de defendeu uma regulamenta��o bastante r�gida para o uso destas drogas, receando fundamentalmente problemas colaterais. De entre os mesmos destacou as particularidades com a sua administra��o, a sua resist�ncia e os pre�os alt�ssimos a aplicar quando a maioria da popula��o mo�ambicana � pobre. O outro receio do Governo � de que estes medicamentos sejam vendidos no mercado informal, o que representaria um �tentado � sa�de dos cidad�os.

Alguns deputados foram ao p�dio colocar perguntas de insist�ncia ad ministro Songane, cuja presen�a na c�mara legislativa foi solicitada pelas duas bancadas para esclarecimentos sobre a problem�tica do HIV/SIDA e Medicina Preventiva. M�ximo Dias, da Renamo-Uni�o Eleitoral, disse n�o concordar com a justiflca��o governamental segundo a qual uma das causas do alastramento da SIDA no pa�s tem a ver com a pobreza. Rahil Khan, da mesma bancada, questionou a higi�ne no Hospital Central de Maputo, tendo um outro parlamentar do mesmo grupo colocado uma preocupa��o sobre as condi��es da morgue deste centro sanit�rio.

Sousa Munhaua, da Frelimo, tamb�m usou da palavra para lan�ar um apelo veemente a todos deputados no sentido de que estejam unidos naquilo que � de utilidade nacional, como � o caso da luta contra a SIDA. Justificou o seu apelo dizendo que doen�a n�o olha a cores pol�ticas nem religiosas. Felicidade Magaia, do mesmo grupo parlamentar, louvou os esfor�os do Executivo na luta contra esta enfermidade. V�rios outros deputados representando as duas bancadas passaram pelo p�dio expondo as suas posi��es relativamente ao SIDA e � Medicina Preventiva.

Em respostas breves, o ministro Songane voltou ao p�lpito para agradecer as contribui��es dos parlamentares e, respondendo � quest�o da casa mortu�ria do Hospital Central de Maputo, disse que esta tem uma capacidade para 50 corpos, sendo um em cada gaveta. Todavia, o n�mero de cad�veres que d�o entrada por dia naquela casa situa-se em 60, o que supera em mais 40 a capacidade Instalada. A frequ�ncia dos funerais situa-se em 30 por dia e h� prazos m�nimos estabelecidos para a perman�ncia dos corpos na morgue, a pedido dos familiares. �Tudo isto leva a problemas de falta de espa�o,� sublinhou.

Referindo-se � venda de medicamentos nos mercados informais, Francisco Sonkane disse que a tarefa deste combate n�o � exclusiva do Minist�rio da Sa�de. E tamb�m, e sobretudo, das autoridades locais. O Ministro da Sa�de disse estar certo de que os medicamentos vendidos nos �dumba nengue� podem n�o ser os mais recomendados pelo m�dico e que �s mesmos est�o nas m�os de pessoas n�o qualificadas para a sua administra��o. �E um perigo que o cidad�o corre ao comprar medicamentos na rua. E urgente fazer-se a recolha desses medicamentos, porque isso � uma quest�o que toca com a sa�de p�blica,� vincou o governante.

Relativamente � c�lera, Songane disse, que as cifras situam-se dentro dos par�metros daquilo que � a endemia e louvou a disciplina sanit�ria nos centros de acomoda��o, o que evita a propaga��o da doen�a.

A ordem do dia para hoje na Assembleia da Rep�blica aponta, entretanto, para a aprecia��o de uma proposta de cria��o da comiss�o de inqu�rito para a averigua��o dos fundos doados para as obras de reabilita��o e amplia��o do edificio-sede do Parlamento e ainda a informa��o da comiss�o de inqu�rito para a averigua��o dos acontecimentos de 9 de Novembro de 2000, relacionados com as manifesta��es promovidas pela Renamo-Uni�o Eleitoral.

Salom�o Muiambo