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04/10/01 |
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Te�logos e membros das hierarquias do isl�o e do cristianismo encontraram-se ontem em Roma, com o objectivo de manifestarem publicamente a recusa do confronto na crise internacional aberta pelos atentados do dia 11 de Setembro, contra os Estados Unidos. As vestes brancas dos mu�ulmanos, ao lado da cor p�rpura dos cardeais cat�licos e do negro dos crist�os ortodoxos, davam uma imagem inter-religiosa eloquente, neste encontro organizado pela Comunidade de Santo Eg�dio. Caracterizadas por uma grande liberdade, as diversas interven��es dos participantes - que responderam em 10 dias ao apelo dos organizadores - sublinharam a vontade do di�logo. O encontro n�o conseguiria "parar os ventos de guerra", mas deveria mostrar "que o di�logo � poss�vel e necess�rio", como sublinharam respons�veis de Santo Eg�dio. Por isso, a comunidade cat�lica - que mediou as negocia��es para a paz em Mo�ambique e organizou em Lisboa, o ano passado, o seu encontro inter-religioso anual - entendeu organizar esta iniciativa para "criar uma ponte no momento em que aumenta o risco de um confronto de civiliza��es". "O grande risco � considerar o isl�o como inimigo, e que o isl�o, sentindo-se agredido, nos considere como inimigo. � o objectivo pretendido pelos terroristas." Entre os participantes, inclu�am-se o grande mufti do Egipto, Nasser Farid Wassel, o primaz Anastas, da Igreja Ortodoxa da Alb�nia, e o cardeal italiano Carlo Maria Martini, arcebispo de Mil�o. "Queremos que o Ocidente se liberte do medo do isl�o", disse um influente te�logo do Qatar, Youssouf Qaradawi, que condenou o terrorismo, como os restantes intervenientes mu�ulmanos, mas avisou os Estados Unidos contra uma "guerra que atingir� inocentes". O "fim da opress�o e a quest�o da Palestina" s�o o n� do problema, acrescentou Qaradawi, para quem os respons�veis devem comparecer perante a justi�a. Os palestinianos t�m direito � "leg�tima defesa" e o terrorismo "significa aterrorizar as pessoas tranquilas e matar injustamente inocentes, mas n�o, certamente, defender a pr�pria terra". Fazendo o paralelo com o atentado de Oklahoma, em 1993, em que um americano, confessando-se crist�o, foi condenado, o te�logo do Qatar afirmou: "A sua culpabilidade n�o recaiu sobre a Am�rica, nem sobre o conjunto do mundo crist�o ou sobre toda a religi�o crist�." O cardeal cat�lico franc�s Roger Etchegaray afirmou que o di�logo islamo-crist�o "n�o se poder� fazer sobre as costas do di�logo com os judeus" e que "Jerusal�m � o teste a uma verdadeira paz duradoura, n�o s� para o Pr�ximo Oriente, mas para o mundo inteiro".
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