Comunità di S.Egidio


 

10/09/2002

Comunidade de Santo Eg�dio
Cimeira de Religi�es Pede Di�logo em Vez de Conflito
Encontro de Palermo reafirma que "as religi�es n�o justificam nunca o �dio e a viol�ncia"

 

"Nada est� perdido com o di�logo" e tamb�m "n�o � o conflito que salva". Como uma luva, a cimeira inter-religiosa pela paz, promovida anualmente pela Comunidade de Santo Eg�dio, assenta as suas conclus�es no actual momento da vida internacional e remete-a, indirectamente, para a pol�tica que est� a ser seguida pelos Estados Unidos. O encontro decorreu em Palermo, na Sic�lia, dois anos depois de ter sido realizado em Lisboa.

� o di�logo, precisamente, que "cura em profundidade e liberta da patologia da mem�ria, que abre ao futuro". O mundo inteiro precisa de aprender a arte do di�logo e da coabita��o, diz o texto de conclus�es. N�o ignorando o que se passa desde h� um ano - atentados de 11 de Setembro em Nova Iorque e em Washington, guerra na Palestina -, o texto admite e afirma: "Sabemos que alguns invocam o nome de Deus para justificar o �dio e a viol�ncia. Ainda mais solenemente que antes, afirmamos: as religi�es n�o justificam nunca o �dio e a viol�ncia, o nome de Deus � paz. Ningu�m o pode invocar para aben�oar a sua pr�pria guerra. S� a paz presta culto a Deus. O culto do �dio engendra a viol�ncia e humilha a esperan�a."

A todos quantos "matam e fazem a guerra em nome de Deus", o texto faz um apelo: "Parem! N�o matem!" E aos que atiram para o lixo o homem e o planeta, pede: "Em nome de Deus, respeitem a cria��o e toda a criatura. As suas vidas s�o o vosso futuro e a nossa esperan�a."

O encontro, que decorreu durante a semana passada, e cujas conclus�es est�o agora dispon�veis na Internet (www.santegidio.org), teve a participa��o de l�deres cat�licos, protestantes e ortodoxos, mas tamb�m de outros credos al�m dos crist�os: judeus, mu�ulmanos, budistas e hindus. No pr�ximo ano, a cimeira inter-religiosa pela paz dever� ser realizada em Nova Iorque. Uma forma de manifestar solidariedade � cidade v�tima dos atentados de 11 de Setembro e de afirmar a vontade das religi�es se manifestarem em conjunto comprometidas com a constru��o da paz.

No texto, os cerca de 400 l�deres religiosos presentes manifestam tamb�m o seu pessimismo em rela��o a muitos aspectos da realidade: "Este novo s�culo foi desde o in�cio marcado pela viol�ncia" e � f�cil ceder � tenta��o da viol�ncia e do confronto. H�, pelo mundo fora, "montanhas de sofrimento e de queixas por vezes silenciosas de milh�es de pobres sem �gua, sem medicamentos, sem seguran�a, sem alimenta��o, sem liberdade, sem terra, sem os fundamentos dos direitos humanos".

Apesar desta crua realidade - cuja leitura coincide com pontos de vista expressos no fim-de-semana pelo Papa (ver texto abaixo) -, os participantes na cimeira inter-religiosa expressam o desejo de ultrapassar a desconfian�a entre povos, religi�es, culturas e blocos. "O mundo inteiro tem necessidade de esperan�a." E s� o di�logo pode ultrapassar "a divis�o e os conflitos".

Numa aut�ntica profiss�o de f� nas virtudes do di�logo, o "Apelo de paz" afirma: "O di�logo n�o deixa sem defesa, mas protege. N�o enfraquece, mas refor�a. Impulsiona toda a gente a ver o melhor do outro e a enraizar-se no melhor de si mesmo. O di�logo transforma o estrangeiro em amigo e liberta do dem�nio da viol�ncia."

Ant�nio Marujo