Foi com gritos e manifesta��es de alegria que a popula��o de Monr�via, a capital da Lib�ria, recebeu ontem os primeiros soldados nigerianos da for�a africana de paz que - todos esperam - ir� p�r termos aos violentos combates das �ltimas semanas, e abrir caminho para o fim do regime do Presidente Charles Taylor. Centenas de pessoas invadiram o aeroporto e carregaram aos ombros, em del�rio, os primeiros soldados a descer do helic�ptero.
Em West Point, um bairro de pescadores que sempre foi um dos mais miser�veis de Monr�via e que agora se viu transformado numa frente de batalha entre os soldados fi�is a Taylor e os rebeldes, houve at� quem tivesse feito t-shirts para receber os nigerianos. "Damos gra�as a Deus pela ECOMIL [o nome dado � for�a de paz da Comunidade Econ�mica dos Estados da �frica Ocidental/CEDEAO", lia-se nas camisolas, onde tinha sido impressa a bandeira da Lib�ria. E na parte de tr�s: "Finalmente a paz".
Segundo a Associated Press, esperava-se que ontem chegassem ao aeroporto de Monr�via 192 soldados enviados pela Nig�ria, que disponibilizou um total de 1500 homens para a ECOMIL. At� ao final de Agosto dever�o chegar � Lib�ria 3250 soldados vindos de pa�ses como o Ghana, o Mali, o Benin e o Togo.
De acordo com um plano proposto pelo secret�rio-geral da ONU, Kofi Annan, os EUA deveriam tamb�m enviar 2000 marines - George W. Bush j� deu ordens para que tr�s navios de guerra seguissem para a costa da Lib�ria, mas ontem ainda n�o se sabia quais s�o exactamente os planos dos americanos. Bush disse que os soldados s� entrar�o no pa�s quando Charles Taylor tiver sa�do - este prometeu abdicar da Presid�ncia no pr�ximo dia 11, mas n�o � claro se aceitar� o ex�lio na Nig�ria.
Rebeldes dan�am � chuva
Uma chuva torrencial recebeu ontem os militares nigerianos. Os primeiros dois helic�pteros partiram de manh� cedo da vizinha Serra Leoa e, cerca de uma hora depois, pousaram no aeroporto da capital liberiana. Empunhando metralhadoras, os nigerianos saltaram dos aparelhos e assumiram imediatamente posi��es defensivas na pista de aterragem.
Mas este aparato militar contrastava com o sentimento de al�vio que se vivia na cidade, que ontem, contava o rep�rter da Reuters, viveu a sua manh� mais calma desde que, h� duas semanas, os rebeldes Liberianos Unidos para a Reconcilia��o e a Democracia (LURD) intensificaram o seu assalto � capital. Na linha da frente, os rebeldes dan�avam sob a chuva e jogavam futebol. At� as tropas leais a Taylor manifestavam a sua satisfa��o pela chegada dos soldados estrangeiros, apesar de isso significar que o fim do regime est� mais pr�ximo. "Somos todos iguais", desabafava um soldado governamental, "queremos voltar para a escola".
H� dois meses que Monr�via, uma cidade com cerca de 1,3 milh�es de habitantes, est� cercada pelas for�as rebeldes anti-Taylor (a LURD e o Movimento para a Democracia na Lib�ria/Model), que lan�aram contra ela tr�s violentas ofensivas. Os combates j� provocaram a morte de mais de mil civis, e criaram uma situa��o humanit�ria desesperada.
No domingo, o comandante da for�a de paz, o nigeriano Festus Okonkwo, tentou baixar um pouco as expectativas da popula��o, afirmando que os primeiros soldados v�o apenas controlar o aeroporto de Robertsfield (a cerca de 40 quil�metros de Monr�via) e os bairros perif�ricos. "Vamos entrar com tantas tropas quanto for poss�vel", disse aos jornalistas. "Sabemos que a situa��o � m� dentro de Monr�via e em redor da cidade".
Em Roma, onde se encontra para conversa��es com a comunidade de Santo Eg�dio, conhecida pelo seu papel de mediadora em conflitos, o presidente da LURD, S�kou Damate Conneh, declarou a disposi��o do seu movimento para trabalhar com a for�a de paz. "Estamos prontos para retirar imediatamente", garantiu.
Alexandra Prado Coelho
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