Comunità di S.Egidio


 

Deutsche Welle

09/09/2003


Religi�o: �leo ou �gua na fogueira?
Durante tr�s dias, 550 l�deres religiosos e milhares de leigos participaram em Aachen de um encontro em que se debateu o papel e a responsabilidade das religi�es no mundo de hoje � entre a guerra e a paz.

 

Atentados de palestinos isl�micos contra judeus, conflitos entre xiitas e sunitas, hindu�stas e mu�ulmanos, crist�os e ortodoxos, cat�licos e protestantes. Um presidente crist�o que faz uma guerra reportando-se � luta do "bem" contra o "mal". Quem acompanha o notici�rio sobre os acontecimentos em nosso mundo n�o pode furtar-se � impress�o de que grande parte dos cerca de 30 conflitos armados que acontecem atualmente em todas as partes do globo t�m motiva��o religiosa.

Ser�o as religi�es a principal causa de conflitos e guerras, ou ser�o elas apenas institucionalizadas para essa finalidade? Esta foi a quest�o central debatida em mais de 30 pain�is por l�deres e leigos cat�licos, protestantes, ortodoxos, budistas, mu�ulmanos, judaicos, hindu�stas, xamanistas e de outras comunidades religiosas durante tr�s dias, em Aachen, cidade alem� situada na fronteira com a Holanda e a B�lgica.

Ra�zes na ora��o pela paz de Jo�o Paulo II

"As religi�es podem ser o �leo que � atirado na fogueira para que as chamas ardam com maior intensidade e viol�ncia. Mas elas podem tamb�m � e esta � sua voca��o � ser a �gua, capaz de apagar por completo o fogo", afirmou na abertura do evento o historiador italiano Andrea Riccardi. A esperan�a contida nesta declara��o � a mola propulsora do fundador do movimento laico Sant' Egidio, que vem promovendo este encontro internacional pela paz h� 17 anos.

Inspirado pelo sucesso da primeira ora��o pela paz com l�deres de diferentes religi�es que atenderam ao convite do papa Jo�o Paulo II e compareceram a Assis, em 1986, Riccardi passou a promover, com sua organiza��o laica fundada j� em 1968, encontros mundiais anuais em diferentes cidades europ�ias. O evento realizou-se este ano pela primeira vez na Alemanha.

Os crist�os e suas responsabilidades

Ao lado de altos dignit�rios e l�deres, foram os leigos que se destacaram nos p�dios, buscando um di�logo honesto e autocr�tico, sem se deixar abater pelos reveses dos conflitos que se multiplicam. E levados pela f� de que a fraternidade � "a �nica sa�da para o futuro da humanidade", como salientou Francisco Whitaker num painel que tratava das "responsabilidades dos crist�os em meio ao caos do mundo".

Whitaker, membro da Comiss�o Brasileira Justi�a e Paz e do Secretariado do F�rum Social Mundial, �nico brasileiro a participar do evento, apontou como caminho para a paz a "retomada da a��o transformadora das estruturas econ�micas e pol�ticas que a humanidade construiu at� agora e que se situam entre as causas da atual trag�dia".

Percorrer esse caminho � poss�vel, por exemplo, atrav�s da participa��o num dos milhares de movimentos da sociedade civil mundial comprometidos com "um conv�vio efetivamente democr�tico, o respeito � diversidade, a troca horizontal de conhecimentos e experi�ncias", tendo em vista a "co-responsabilidade pelo futuro do mundo". Essa imensa for�a coletiva �, para Whitaker, uma fonte de esperan�a. E manter a esperan�a, conclui, � "a maior de nossas responsabilidades enquanto crist�os".