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MediaFax |
16/09/2005 |
Encontro Homens e Religi�es |
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Lyon - Martinho Lutero est� representado como se fosse um diabo num mosaico na cripta da bas�lica cat�lica de Lyon. O passado n�o se apaga, as diferen�as existem, o futuro se pode construir sem preconceitos. Uma placa simb�lica da reconcilia��o entre cat�licos e protestantes est� ao lado do mosaico da hist�ria a partir de 13 de Setembro, dia de encerramento do 19o. Encontro interreligioso �Homens e Religi�es� , para escrever uma outra hist�ria: a da reconcilia��o, a palavra chave. O encontro organizado pela Comunidade de Santo Eg�dio, em Lyon (Fran�a) estava repleto de s�mbolos: come�ou a 11 de setembro, quatro anos depois do ataque contra as torres g�meas de Nova Iorque; pela primeira em Fran�a quando se celebra naquele pa�s o centen�rio do laicismo, a divis�o republicana entre igreja e o Estado. No hotel ao lado do Pal�cio dos Congressos de Lyon, as pessoas cumprimentam-se como nas aldeias, uma mescla de roupas e cores diferentes, chap�us, kippa, e v�us, na cidade de Saint-Exupery. Como o �pequeno pr�ncipe� da hist�ria, eles falaram do significado que � preciso dar � vida atrav�s dos rituais, as vezes refeitos ou esquecidos, da amizade e do amor, que permitem criar liga��es e portanto conhecer bem as coisas, dia ap�s dia. O essencial � invis�vel aos olhos. Cultura de diversidade �Cada um de n�s � mesti�o�, diz Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Santo Eg�dio no final dos anos 60. �Muitas vezes os media nos mostram um mundo reduzido a choques de civiliza��es e religi�es. Mas n�o � assim. Somos todos ligados em profundidade, mesmo se diferentes. Um �tecido cultural e espiritual mesti�o nos abra�a. E � fundamental o di�logo entre crentes, e entre crentes e humanistas. Porque quando se rompem as canetas, ficam apenas as facas escreveu Mohammed Talbi�. Foram tr�s dias de mesas redondas, debates e testemunhos onde trezentos l�deres religiosos e personalidades da cultura laica, vindos de 50 pa�ses, reflectiram sobre a necessidade do di�logo. Armando Em�lio Guebuza foi o h�spede de honra no dia da abertura, �Mo�ambique representa o modelo da paz alcan�ada com realismo e di�logo�, recordou Andrea Riccardi. O PR disse que as v�rias religi�es devem fortalecer as parcerias com os governos e as outras organiza��es, e o sector privado para combater contra a pobreza e o HIV/Sida. O iman do Centro de Estudos Khomeini disse que os religiosos que apelam �guerra devem ser ostracisados, seja eles mu�ulmanos, crist�os ou judeus, comentando a decis�o do juiz de Turim (It�lia) de ter expulso o iman da cidade. �A diferen�a n�o se pode resolver com os conflitos. Tamb�m n�o acreditamos numa concilia��o agrad�vel, a um relativismo barato. Temos de contemplar as diferen�as. N�o existe nada neste mundo que possa ser hegem�nico, nem uma cultura, nem um pa�s, nem uma civiliza��o, nem uma ideologia �, disse AndreaRiccardi. N�o se falou apenas do relacionamento entre Isl�o e Ocidente, mesmo se foi um dos aspectos mais real�ado pelos media presentes na cidade francesa. � �A islamofobia tornou-se um pesadelo aut�ntico na Europa �, comentou Jean Lueguil-Bayart, do Centro de Estudos e Pesquisas Internacionais. Falou-se tamb�m de direitos humanos, a corrup��o � um problema de direitos humanos, recordou a malawiana Vera Chirwa. Falou-se de Aids e de preven��o e tratamento. Josefa chegou da Beira para falar da sua condi��o de seropositiva, 37 anos, 5 filhos, em tratamento com a Comunidade de Santo Egidio. A irm� Suzanne Iloko Loali da Republica Democr�tica do Congo contou a sua experi�ncia com os doentes numa terra onde n�o h� nada, se n�o a solidariedade entre seres humanos. �A humanidade ainda est� longe de realizar os objectivos do Mil�nio. Pedimos uma mais forte concentra��o de energias e recursos para tornar o mundo do s�culo XXI menos pobre e mais humano �, apelaram os participantes. Um humanismo de paz, disseram no apelo final, uma civiliza��o onde vivamos juntos na diversidade. O mundo pode ser melhor.
Paola Rolletta
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