Comunità di S.Egidio


 

25/02/2005

Combate ao HIV/SIDA em Mo�ambique
Os caminhos para vencer a doen�a

 

Os testes de controlo do HIV/SIDA j� s�o feitos num laborat�rio de alta tecnologia instalado pela Comunidade Italiana de Santo Eg�dio, no Hospital Central de Maputo. � a primeira estrutura p�blica do g�nero em toda a regi�o da �frica Austral. Outros dois laborat�rios do mesmo tipo foram para as zonas Centro e Norte, respectivamente Beira e Nampula.

A Comunidade de Santo Eg�dio, com longa tradi��o de coopera��o com Mo�ambique, tendo desempenhado papel preponderante nas conversa��es de Roma que precederam o Acordo de Paz em 1992, entre o Governo mo�ambicano e a Renamo, desenvolve agora o Programa DREAM dedicado ao despiste do HIV e ao tratamento de doentes com anti-retrovirais, em Mo�ambique.

Outros pa�ses africanos lus�fonos onde o Programa est� a ser desenvolvido s�o a Guin�-Bissau e Angola. "� o ritmo da minha vida. De manh� e � noite tomo os dois comprimidos que me salvaram".

� assim que conta Ana Maria, 43 anos e oito filhos, hoje uma das activistas do Programa DREAM da Comunidade de Sant�Egidio, em Mo�ambique. DREAM ( sonho em ingl�s), � o acr�nimo de Drug Resource Enhancement Against AIDS in Mozambique."Em 2001 descobri que era seropositiva. Estava mal, muito mal, mas n�o se descobria o que � que eu tinha. A minha m�e j� me tinha levado uma data de vezes ao hospital.

Nada. Por fim trouxeram-me aqui � Sant�g�dio, em 2002. Fizeram-me o teste e descobriram o HIV. Foi um choque. O meu marido deixou-me. Fiquei s�zinha com os tr�s filhos mais pequenos e com a morte � minha espera", diz Ana Maria, recuando no tempo. Um tempo que muito a marcou. O caminho a percorrer n�o era f�cil. "Pesava 29 quilos. Um farrapo de mulher. Ningu�m me comprava mais as hortali�as nem as bebidas tradicionais que eu preparava. Apontavam-me a dedo e diziam n�o para n�o comprarem os meus produtos porque tinha SIDA". Agora Ana Maria ajuda os outros. D� palestras em l�ngua local e em portugu�s "sobretudo para as mulheres, que s�o mais t�midas. Explico o que sei, a minha pr�pria vida. E agora as minhas vizinhas j� v�em a minha casa e at� me pedem sal...".

Uma lua e um sol

Uma lua e um sol desenhados no envelope de pl�stico amarelo indicam mesmo a quem n�o sabe ler, quando deve tomar os comprimidos. S�o os dois s�mbolos que acompanham di�riamente muitas pessoas seroposivas, tratadas segundo o modelo DREAM, o "sonho" imaginado pela Comunidade de Sant�Eg�dio, um modelo que se pode reproduzir e tornar-se realidade, e j� o � em outros pa�ses africanos. Al�m da Guin�-Bissau e Angola, o Programa funciona na Guin�-Conakry, Malawi, Qu�nia e Costa do Marfim.A Sant�Eg�dio come�ou a trabalhar com doentes de SIDA em 2002, em colabora��o com o Minist�rio da Sa�de de Mo�ambique. O Programa DREAM foi concebido para tratar com a triterapia antiretroviral (Lamivudina, AZT e Nevirapina), e ministrar cursos de forma��o para enfermeiros, t�cnicos e volunt�rios locais. "Formar um medico significa muitos anos. O combate � SIDA n�o d� tr�guas. A preven��o n�o � suficiente. Temos que ter programas de nutri��o e para evitar a transmiss�o vertical (de m�e para filho, no parto) deste v�rus que aflige mais de 15 por cento da popula��o mo�ambicana" diz Mario Marazziti, porta-voz da Comunidade, explicando porque � que a sua estrat�gia � uma combina��o da preven��o e de cura. O DREAM foi concebido por uma equipa de cientistas europeus.

Em Mo�ambique, nestes dois anos, instalou j� 13 centros de atendimento.Os n�meros falam "Em Fevereiro, nos Estados Unidos, tinhamos apresentado resultados na Confer�ncia sobre infec��es oportun�sticas e retrov�rus: com o DREAM, 97 por cento dos b�b�s nasceram seronegativos de m�es infectadas. � um successo mundial e a demonstra��o de que se pode combater o SIDA em �frica", diz Mario Marazziti, explicando que dar apenas a nevirapina � m�e nas primeiras 72 horas ap�s o parto e depois ao recem-nascido, funciona pouco. "� meio caminho para termos orf�os, que � outro grande problema da SIDA" esclarece afirmando que a triterapia � o "padr�o-ouro" que se tem de usar. S�o j� 770 os b�b�s salvos do HIV. E as m�es est�o vivas e com sa�de. Marazziti � perempt�rio: "Estamos a provar que, mesmo com recursos limitados, se pode combater o SIDA. Conseguimos fornecer a triterapia anti-retroviral a um custo de 300 US d�lares/ano por doente, comprando gen�ricos na �ndia. Na Europa e Estados Unidos, a mesma terapia custa 15 mil US d�lares com medicamentos patenteados. Em Mo�ambique, convem lembrar que a sa�de p�blica gasta por ano e por habitante 8 d�lares americanos...". Segundo o relat�rio de 2004 do Instituto Nacional de Estat�stica, em Mo�ambique cerca de 230 mil jovens menores de 18 anos perderam a m�e por causa do SIDA. Mas cada vez mais a epidemia � vista com olhos de esperan�a e n�o de fatalidade. O caso de Ana Maria � elucidativo. Hoje levanta-se todos os dias �s 5 e meia da manh�, prepara a comida para os tr�s filhos que vivem com ela e parte para o trabalho. Das 8 �s 14, distribui as merendas no Centro DREAM e fala com as mulheres. Depois volta para casa onde os tr�s filhos e mais trabalho, est�o � sua espera. Tornou-se o exemplo de como o SIDA n�o mata a vontade de viver. Diz ela que "quando estava magra como um palito, nunca pensei que podia ter projectos de futuro, comprar uma m�quina, pedir um empr�stimo para fazer uma casa... � verdade posso fazer tudo isto. Eu hoje tenho futuro. A SIDA s� mata quem n�o se trata ou n�o tem disciplina".

� assim esta Ana Maria, exemplo vivo da esperan�a que transmite a outros seropositivos.

Paola Rolletta