Será guardado em Roma na Basílica de São Bartolomeu, a igreja de Roma dedicada aos “novos mártires”, o breviario do padre Jacques Gamei, o sacerdote morto na sua igreja perto de Rouen num ataque terrorista no passado dia 26 de julho. A relíquia foi entregue ontem no decorrer de uma missa comovente, presidida pelo Bispo de Rouen, monsenhor Lebrun e pelos familiares de padre Jacques.
Saudação de Andrea Riccardi:
É com um misto de dor e de alegria que nos acolhemos o grande dom que a igreja de Rouen dá a esta Basílica de São Bartolomeu dedicadaos novos martires.Volta a do1r do atentado bárbaro que atingiu um octogenário sacerdote debole nos anos mas forte na fé e na dignidade, a dor por algo de terrível. Mas ao mesmo tempo a alegria de ter redescoberto abgrandeza e a riqueza da fé da igreja,da Igreja de Rouen e da Igreja de França, a dignidade da reacção sustentada pela paz e responsabilidade do seu bispo, a dignidade dolorida mas forte da família e é o encolher de todo o pais. Deixai.nos dizer ainda a nossa dor mas também as nossa grande admiração.
Padre Hamel é um exempop, a sua vida será lida e compreendida e, acrrdito inspirará muitos jovens , não apenas franceses mas para além da França. Não acrescento palavras se não uma gratidão a todos vós. Esta Igreja de São Bartolomeu que João Paulo ii quis dedicar aos novos martires hoje acolhe o Breviario de Padre Hamel e vê como estes homens e estas mulheres que foram atingidos na sua fragilidade hoje indicam ao mundo um caminho de paz e à Igreja um caminho de fidelidade ate ao fim. Obrigado.
A Homilia de Monsenhor. Dominique Lebrun, Bispo de Rouen.
“Mulher eis o teu filho”. Quem são os filhos de uma mãe? São irmãos e irmãs. Com esta palavra Jesus declara aquilo que cumpre sobre a cruz. A nova fraternidade. Não de um pai desconhecido, de um pai revelado de Jesus. Uma fraternidade nova que se constrói, que se recebe até esta terra, como filhos de Maria, que são os filhos da mesma mãe, irmãos e irmãs, que têm um irmão maior, o próprio Jesus. No mistério da cruz cumpre-se a adopção, da parte de cristo, desta humanidade que Deus, o seu Pai, lhe confiou no estado de pecador.
Não esqueceremos que o primeiro assassinato da história é o de dois irmãos, que desperdiçaram de tal forma o legame da fraternidade, que com cristo, com a sua morte, se reconstrói, Não é de pouco interesse recordar que, na história da humanidade, há a possibilidade jurídica de adoptar um irmão ou uma irmã. Alguns registos encontram-se na velha Grécia, mas também no Império Romano. Mas a história diz-nos que isto desaparece: desapareceu mesmo na época de Jesus. Existe, para me fazer entender, a adopção jurídica quando os pais adoptam um filho ou uma filha gerados por outra pessoa, mas existe também uma adopção espiritual, mas verdadeira, da parte de cristo. A fraternidade é o nosso caminho. Estamos orgulhosos, nós, franceses, de ter esta palavra em primeiro lugar nas nossas fábricas, nas nossas escolas, nas nossas cidades. E também, creio eu, nos nossos corações: a fraternidade. E eu estou feliz que o nosso embaixador esteja presente entre nós, porque o que nós carregamos, este desejo, esta graça que nos foi dada por Jesus na cruz não é apenas para nós, é para todos. Sem limites. Porque vem do amor de Deus que é infinito.
Talvez nos tenhamos tornado, ou tentemos tornar, irmãos, esquecendo o pai e mãe. Porque esta fraternidade que foi desperdiçada pela morte, o assassinato, não podemos vive-la sem a receber como uma graça.
Hoje, entre nós, estão as duas irmãs de padre Jacques, nos nossos corações está também o irmão que não pode vir por motivos de saúde. Estão chocados, tocados por esta morte, mas eles trazem uma esperança. Vendo hoje nesta celebração, mas também em tantos sinais em todo o mundo após o ataque, que a nossa fraternidade humana ainda é ainda um pequeno sinal desta fraternidade divina que nos é dada.
Sim, Padre Jacques, torna-se um sinal de fraternidade universal, um irmão universal.
Agradeço à Comunidade de Sant'Egidio, pois não é apenas a guardiã deste santuário, mas é-lo porque se colocou ao serviço da fraternidade universal entre os povos e nas nossas grandes cidades, onde o mundo vive, especialmente através dos emigrantes, os pobres. Obrigada por acolherem esta relíquia que vos damos com o coração.
Confesso que quando me pediram, algo dentro de mim disse, mas não é muito cedo? Depois de ouvir o Papa ontem, acho que este sentimento não estava de todo certo. Talvez este sentimento surgi-se no meu pequeno coração, porque queria preservar ainda para nós o nosso padre Jacques. Talvez o mesmo aconteça com vocês, a sua família. Eu sei, faz-vos sofrer este distânciar de vosso irmão, mas ele é nos dado como um sinal de fraternidade. E nós queremos seguir esse caminho. E posso dizer hoje, com nossos irmãos muçulmanos. Esta viagem já começada, há algum tempo, pelo nosso Beato Charles de Foucauld, o Santo Papa João Paulo II, que quis reunir em Assis em volta da figura de Francisco as religiões. Sim, queremos embarcar nesta viagem de fraternidade. Rezemos para que seja possível nos nossos corações. Não é fácil nem para mim, eu lhe garanto. Às vezes sou tomado pela raiva.
Terei a coragem de questionar os meus amigos muçulmanos sobre o que significa para eles este gesto? Vou levar a questão do Papa Francisco na manhã de ontem: seria tão bonito que todas as religiões dissessem que matar em nome de Deus é satânico. Ou seja, não corresponde ao coração humano, é apenas o sinal dos anjos rebeldes, mas eles não vencerão. No fundo não venceram padre Jacques. Estamos aqui, vivos, no caminho da fraternidade.
Os autores dessa violência estão de alguma forma, também eles condenado à fraternidade como caminho, ao diálogo como expressão de amor, condenados como o próprio Jesus foi condenado, mas ninguém pode colocar no seu coração ódio, mentiras, orgulho, ninguem.
Oremos ao Senhor, também por intercessão do Padre Jacques, para que esta fraternidade seja concreta, nas nossas famílias. Não é difícil ver irmãos e irmãs que já não se falam, já não se entendem. No entanto, permanece, dentro do coração, a determinação de se tornar irmãos. |