Os casos de linchamentos constituem ainda uma preocupação na cidade da Beira, segundo a Comunidade de Sant’Egidio, que anteontem organizou uma conferência nesta urbe, por ocasião da celebração de 30 de Novembro, dia da iniciativa “Cidades pela Vida – Cidades contra a pena de morte”, sob o lema “Não há Justiça sem vida”.
O comunicado de imprensa da Comunidade de Sant’Egidio, enviado ontem à nossa Redacção, indica que no evento houve apelo no sentido de os cidadãos estarem contra todo o tipo de pena de morte e não aos linchamentos.
“Falou-se dos linchamentos, que infelizmente afligem a cidade da Beira, como uma forma mascarada de pena de morte” – frisa o documento, que anota ainda que na vida diária do nosso país, das nossas cidades, dos nossos bairros, verificam-se, infelizmente, por parte dos nossos concidadãos, alguns “comportamentos que se transformam em verdadeiras condenações à morte”.
De acordo com o comunicado de imprensa, muitas pessoas, acusadas justa o injustamente de terem cometido crimes, acabam sendo linchadas ou queimadas vivas com gasolina e pneus pela multidão. Outros cidadãos sofrem graves violências que lhes marcarão por toda a vida. “Trata-se de vingança cega que nada tem a ver com a justiça, e que é inimiga da misericórdia” – sublinha.
A data foi escolhida porque no dia 30 de Novembro de 1876, o “Grande Ducado de Toscana”, que hoje é uma das províncias da Itália, aboliu a pena de morte e a tortura, indica o comunicado.
Nas cidades da Beira e Dondo foram registados, oficialmente, 20 casos de linchamentos de Janeiro a Outubro últimos, contra 15 de igual período de 2009.
