O PAPA EM LESBO
Chegou o momento de uma convocatória aos cristãos europeus para abordar a grande questão dos refugiados
Num país pequeno, caiu um peso imenso. Enquanto, começando com a Hungria Católica, se levantam muros para se defender contra os refugiados.Lesbo é o nome de uma tragédia: os refugiados chegam às ilhas gregas para escapar da guerra. O caso mais conhecido é a Síria, cuja refugiados migraram para o Líbano, Turquia e Jordânia. A Grécia é o primeiro porto de escala para quem chega à Europa. Em Lesbo, de 90.000 habitantes, existem, de 7 a 10 mil refugiados. Grécia - deve-se dizer - apesar da crise é generosa para com eles. O Governo faz a sua parte. Muito activa no acolhimento é a Igreja Ortodoxa Grega, ajudada pelo arcebispo de Atenas, Hieronimos II, com uma obra coordenada pelo Metropolita Gabriel.
O Papa Francisco, em setembro de 2015, pediu a cada paroquia Europeia para que acolhesse refugiados. O apelo não teve a resposta que merecia. Também em Setembro, numa mensagem ao encontro no Espírito de Assis, em Tirana, o Papa disse: "É violência também erguer muros para bloquear aqueles que procuram um lugar de paz. É violência rejeitar quem foge de condições desumanas".
Agora Francisco da um passo muito forte. Vai para Lesbo a 16 de Abril. Acompanhado pelo arcebispo de Atenas e as autoridades gregas. Há também o Patriarca Ecuménico Bartolomeu, que tem jurisdição eclesiástica na ilha. Surgiu dele a ideia de convidar o Papa a Lesbo.
O problema dos refugiados é abordado ecumenicamente. A iniciativa dos corredores humanitários para refugiados do Líbano para Itália foi promovido pelos Valdenses e pela Comunidade de Sant'Egidio com o governo italiano. Francisco mostra como o drama dos refugiados interpele a consciência cristã europeia. Os refugiados são pobres que batem às nossas portas. Não podem voltar para traz: tem às costas o estar à beira da morte. Acolhe-los é um dever, mas também um "presente" para l`Europa em crise demográfica, à qual dão novo vigor. As próprias igrejas de vários países europeus são revitalizadas pela presença de imigrantes cristãos. Em vez disso, prega-se o medo que incha as fileiras dos diversos partidos dos "muros". Francesco, o Patriarca Bartolomeu e o Arcebispo de Atenas lançam uma mensagem através da viagem a Lesbo, que simbolicamente representa uma ponte entre a Europa e o mundo dos refugiados. As Igrejas não pode ficar prisioneiras das lógicas institucionais ou das políticas dos seus países, sem uma visão do futuro. Pergunto-me se este não será o momento para uma convocatória dos cristãos europeus (ecuménica e rápida), um sínodo ecumênico, que aborde a grande questão dos refugiados e da Europa. O papa pode convoca-lo. E com ele o Patriarca Bartolomeu.
Este artigo de Adrea Riccardi apareceu no n.16/2016 de Famiglia Cristiana