Beatidues,
Cardeais,
Ilustres representantes das Igrejas, das Comunidades eclesiais e das grandes religiões,
Agradeço-lhes de coração por terem querido realizar esta visita. Dá-me alegria! Estão a viver juntos dias intensos neste Encontro que reúne povos de diferentes religiões, e que tem um título significativo e comprometidor: " A coragem da esperança". Agradeço ao professor Andrea Riccardi, pelas palavras de saudação que dirigiu em nome de todos vós, e com ele a Comunidade de Sant’Egidio, por seguir com tenacidade o caminho traçado pelo Beato João Paulo II através do histórico encontro de Assis: guardar acesa a lâmpada da esperança, orando e trabalhando pela paz. Foi em 1986, num mundo ainda marcado pela divisão em blocos opostos, e foi nesse contexto que o Papa convidou os líderes religiosos para rezarem pela paz: já não uns contra os outros, mas os uns ao lado dos outros. Não devia e não podia ficar um evento isolado. Vós continuaram este caminho e aumentaram o seu ritmo, envolvendo no diálogo personalidades significativas de todas as religiões e representantes leigos e humanistas. Mesmo nestes últimos meses, sentimos que o mundo precisa do "espírito" que animou aquele histórico encontro. Porquê? Porque há muita necessidade de paz. Não! Nunca podemos resignarmo-nos à dor de povos inteiros, refém da guerra, da miséria, da exploração. Não podemos assistir impotentes e indiferentes à tragédia de crianças, famílias, idosos, afectados pela violência. Não podemos deixar que o terrorismo aprisione o coração de alguns violentos para semear morte e dor para tantos. De maneira especial, digamos com força, todos, continuamente, que não pode haver nenhuma justificação religiosa para a violência. Não pode haver nenhuma justificação religiosa para a violência, de qualquer maneira ela se manifeste. Como o Papa Bento XVI destacou, há dois anos, pela ocasião do 25 º aniversário do encontro de Assis, é preciso apagar todas as formas de violência motivadas com a religião, e juntos vigiar para que o mundo não seja vítima daquela violência que existe em cada projecto de civilização que se baseia no "não" a Deus.
Como líderes das diferentes religiões podemos fazer muito. A paz é responsabilidade de todos. Orar pela paz, trabalhar pela paz! Um líder religioso é sempre um homem ou uma mulher de paz, porque o mandamento da paz é inscrito no mais profundo das tradições religiosas que representamos. Mas o que é que podemos fazer? O facto de vos encontrarem a cada ano sugere-nos o caminho: a coragem do diálogo. Esta coragem, esse diálogo é que dá esperança. Nada a ver com o otimismo, é outra coisa. Esperança! No mundo, na sociedade, há pouca paz também por falta de diálogo, é difícil sair do estreito horizonte dos próprios interesses para se abrir a um encontro verdadeiro e sincero. Para a paz é necessário um diálogo tenaz, paciente, forte, inteligente, pelo qual nada está perdido. O diálogo pode vencer a guerra. O diálogo faz com que pessoas de diferentes gerações, que muitas vezes se ignoram, possam viver juntos; como também cidadãos de diferentes origens étnicas, de diferentes crenças. O diálogo é o caminho da paz. Porque o diálogo favorece a compreensão, a harmonia, a concórdia, a paz. Por esta razão, é vital que cresça, que se espalhe entre as pessoas de todas as condições e convicções como uma rede de paz que protege o mundo e, especialmente, protege os mais fracos.
Os líderes religiosos são chamados a ser verdadeiras "pessoas em diálogo", a agir na construção da paz não como intermediários, mas como mediadores autênticos. Os intermediários procuram fazer descontos para todas as partes, a fim de obter um ganho para si mesmos. O mediador, no entanto, é o único que não mantem nada para si, mas se dedica generosamente até consumir-se, sabendo que o único ganho é o da paz. Cada um de nós é chamado a ser um artesão da paz, unindo e não separando, extinguindo o ódio e não guardando-o, ao abrir caminhos de diálogo e não ao erguer novos muros! Dialogar, encontrar-se para estabelecer no mundo a cultura do diálogo, a cultura do encontro.
O legado do primeiro encontro de Assis, alimentado ano após ano, também no vosso caminho, mostra como o diálogo está intimamente ligado à oração de cada um. Diálogo e oração crescem ou perecem juntos. A relação do homem com Deus é a escola e o alimento do diálogo com os homens. O Papa Paulo VI falava na "origem transcendente do diálogo" e dizia: "A religião é, por sua natureza, uma relação entre Deus e o homem. A oração exprime esta relação através do diálogo" (Encíclica Ecclesiam suam , 72) . Continuemos a rezar pela paz no mundo, pela paz na Síria, pela paz no Oriente Médio, pela paz em muitos Países do mundo. Esta coragem de paz doe a coragem da esperança ao mundo, a todos aqueles que sofrem com a guerra, aos jovens que olham preocupados com o seu futuro. Deus todo-Poderoso, que escuta as nossas orações, sustente-nos neste caminho de paz. E gostaria de sugerir que agora cada um de nós, todos nós, na presença de Deus, em silêncio, todos nós, desejamo-nos mutuamente a paz. [Pausa de silêncio]: Obrigado!
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