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11 Fevereiro 2016

Francisco e Kirill. O encontro de Cuba que muda a história.

Editorial de Andrea Riccardi que comentará em directo amanhã em RAI2, das 21 às 23 horas.

 
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ANDREA RICCARDI: FRANCESCO E KIRILL. O ENCONTRO DE CUBA QUE MUDA A HISTÓRIA

10/02/2016  Um frente a frente que até hoje não foi possível. Eis o porque da mudança explicado pelo célebre historiador da Igreja, fundador da Comunidade de Sant'Egidio.

        Será chamado encontro de Cuba, o encontro de Francisco, e o patriarca de Moscovo, Kirill. Parece estranho que decorra na ilha das Caraíbas, mas todos o consideram um encontro histórico. João Paulo II e Benedito XVI queriam realizar este encontro. Não foi possível. Inicialmente, o estilo franciscano de Bergoglio não tinha a unanimidade de consenso no patriarcado de Moscovo. Como se explica esta mudança?
Uma primeira explicação está relacionada com o local. Cuba – declarou Hilarion, negociador da parte russa – significa um mundo novo. A nova era de relações nasce das perguntas do grande mundo, como a perseguição dos cristãos. Já não é mais uma questão entre russos e polacos, de luta no Este europeu: o mundo grande e turbulento desafia as Igrejas. Os lideres das duas maiores Igrejas tradicionais, católica e russa, não podem não se falar. Esta foi sempre a posição de Francisco, que expressou desde logo a sua vontade de encontrar o patriarca.
Uma segunda explicação é interna à igreja russa. Kirill, que como metropolita teve relações com Roma e conhece bem o catolicismo, não quer partilhar a sua Igreja. Patriarca desde 2009, renovou o episcopado com muitas nomeações. Agora são menos os opositores ao encontro com o Papa. Introduziu reformas substanciais. Mas enfrenta graves problemas: a guerra na Ucrânia (que faz parte da sua Igreja, onde alguns ortodoxos não reconhecem o patriarcado russo). Hoje é o tempo do encontro. Kirill sabe-o e cumpre um passo que desde há algum tempo queria dar.
Existe assim a necessidade profunda de restabelecer a comunhão ou, pelo menos, falar-se, inerente na vida da Igreja. O mundo globalizado, por vezes, une-se: a distância entre as Igrejas não faz sentido ou, mais ainda, é um escândalo. Em Maio, as igrejas ortodoxas reúnem-se em Creta num Grande Concilio, evento histórico preparado desde há mais de meio século. Este evento pressipitou a decisão de Kirill de encontrar o Papa. De resto o Patriarca, de jovem, foi discípulo do metropolita russo Nikodim, homem de unidade. Andando com ele na praça de São Pedro em 1978, o metropolita disse ao jovem Kirill, indicando-lhe a basilica: “Em 2000, com os católicos, seremos unidos”. A profecia de Nikodim não se realizou, mas tornará à mente de Kirill, quando encontrar o Papa no aeroporto em Avana.