Caríssimos amigos, irmãos e irmãs da Comunidade de Sant’Egidio,

é com grande alegría que esta noite vim entre vós: estou feliz de encontrar-me novamente convosco, particularmente de ver novamente os meus amigos, já de muitos anos, o Professor Andrea Riccardi e o monsenhor Vincenzo Paglia;  saúdo com grande alegria os bispos que se encontram entre vós e com grande simpatia todos vós que viestes esta noite e através de vós quero cumprimentar a Comunidade de Sant’Egidio em todo o mundo.

Antes de tudo quero transmitir-vos as saudações e a bênção da Sua Santidade o Patriarca de Moscovo, Cirillo. Em seu nome e em meu nome pessoal e de todos nós hoje aqui presentes no meio de vocês, quero exprimir  a estima e o amor que temos para a vossa Comunidade. Antes de tudo temos grande estima para o vosso empenho em favor dos últimos e do vosso grande empenho para os pobres e necessitados e da acção que desenrolais, nesta e noutras cidades, para dar de comer aos mendigos, aos sem morada; do vosso cuidado para os deficientes, doentes, orfãos, idosos, da atenção que a Comunidade de Sant’Egidio tem para quantos se encontram às margens da sociedade, dos presos, dos refugiados, dos imigrados. Com este vosso empenho social, com esta vossa diaconia cristã em favor dos desvantajados vós meteis em prática o Evangelho; no rosto do homem que sofre vós reconheceis as aparências do rosto do Senhor; servindo todo o pobre, servis aquele que sofre e disse “Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes”.

Temos grande consideração pelo vosso contributo ao diálogo, seja aquele entre cristãos que aquele com os fiéis das diversas religiões. Particularmente estamos satisfeitos e felizes pela relação de compreensão  e de estima recíproca que já há anos estabeleceu-se entre a vossa comunidade e a Igreja ortodoxa russa.

Vivemos num mundo descristianizado, é uma época que alguém erradamente define post-cristã. A sociedade contemporanea com o seu consumismo, edonismo, materialismo prático, relativismo moral lança a todos nós cristãos um desafio sério e difícil. Da nossa resposta como cristãos a esse desafio depende também o advir da humanidade e talvés também a possibilidade que a vida continue sobre o nosso planeta. É um desafio comum que nos é lançado e também a nossa resposta deve ser comum.

Somente juntos poderemos propôr ao mundo os valores espirituais e morais da fé cristã; juntos podemos oferecer a nossa visão cristã da família, da procriação, do amor humano feito não somente pelo prazer; podemos afirmar o nosso conceito de justiça social, de uma mais equa distribuição dos bens, do empenho para a salvaguardia do ambiente, para a defesa da vida humana e da sua dignidade

Estes valores morais são tradicionais no  sentido de que são afirmados pelos cristãos há vinte séculos e formaram a nossa cultura e civilização europeia. Porém estes são ao mesmo tempo novos e modernos porque eternamente novo, moderno, eternamente jovem é o Evangelho de Jesus.

Diante deste desafio comum que o mundo contemporâneo nos lança, hoje mais do que nunca nós cristãos temos que estar juntos. É portanto tempo de passar do desencontro e da concorrência para a solidariedade, respeito recíproco e a estima; aliás diria sem exitar que temos que passar ao amor recíproco. Dando-nos o seu novo mandamento de amar-nos reciprocamente, o Senhor Cristo disse: “Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”

A nossa pregação cristã poderá  ter efeito, poderá ser convincente também neste nosso mundo contemporâneo se saberemos viver este amor recíproco entre nós cristãos.

Com estes sentimentos agradeço-vos ainda mais uma vez por ter-nos convidado e repito-vos a minha alegria de estar aqui junto de vós e para exprimir concretamente o nosso amor fraterno para a Comunidade de Sant’Egidio, quero fazer-vos o dom deste ícone russo da Nossa Senhora e peço à Mãe de Deus para abençoar-vos, para proteger-vos, para sustentar-vos sempre no vosso empenho de amar o Senhor servindo-O em cada próximo particularmente nos últimos e nos mais desvantajados.