«Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos» A homilia da S.E. Ângelo Amato, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, na Basílica de Santa Maria em Trastévere, no III domingo do Advento.
«Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos! Que a vossa bondade seja conhecida por todos. O Senhor está próximo»
Neste terceiro domingo de Advento a Igreja convida-nos à alegria, porque o Senhor está próximo. Estamos já próximos do Santo Natal.
Na Bíblia há muitas exortações à alegria. Se Deus se dignou de exortar-nos por 800 vezes para que nos alegremos, isto significa que é importante. De facto, o Evangelho significa mesmo a boa notícia, mensagem que dá alegria.
A vida de Jesus condensa-se em dois episódios de alegria: o seu nascimento e a sua resurreição dos mortos. Natal e Páscoa são festas de alegria. O cristianismo- repete continuamente o Santo Padre Bento XVI- é alegria e vida. E o Deus cristão é o Deus da alegria e da vida. E nós, filhos da alegria e da vida, somos chamados a difundir no mundo a alegria da vida «onde escondestes a vossa alegria?» perguntava Georges Bernanos aos cristãos.
Decerto, é difícil viver na alegria quando quotidianamente somos alvos de um espantoso tsunami de mãs notícias. Também em nós mesmos não faltam motivos de tristeza por causa das dificuldades económicas, da saúde precária, por causa das nossas precárias relações familiares, das nossas derrotas, dos nossos pecados.
Onde encontrar raios de luz? O que fazer para sair desta inundação de amargura?
O Natal oferece-nos as razões da nossa alegria. Na primeira leitura, o profeta Sofonias convidava Jerusalém e agora convida a Igreja, a alegrar-se, a gritar de júbilo, a exultar com todo o coração:
«Não temas, Sião!
Não se enfraqueçam as tuas mãos!
O Senhor, teu Deus, está no meio de ti
como poderoso salvador!
Ele exulta de alegria por tua causa,
pelo seu amor te renovará.
Ele dança e grita de alegria por tua causa» ( Sof 3,14-17)
O Natal é a garantia de que vem entre nós um Deus potente, um Deus não indiferente, que vê as nossas tribulações, compartilha-as, convidando-nos, porém a sair fora do pântano da tristeza.
Como? O que fazer? «E nós, que devemos fazer»?
Perguntavam as multidões a João no Evangelho que escutamos neste terceiro domingo do Advento. E João respondeu:«Quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos faça o mesmo.» Vieram também alguns cobradores de impostos, para serem baptizados e disseram-lhe: «Mestre, que havemos de fazer?» Respondeu-lhes: «Nada exijais além do que vos foi estabelecido.» Por sua vez, os soldados perguntavam-lhe: «E nós, que devemos fazer?» Respondeu-lhes: «Não exerçais violência sobre ninguém, não denuncieis injustamente e contentai-vos com o vosso soldo ( Lc 3,10-18)
Eis o segredo da alegria. Eis a chave da serenidade mesmo quando nos encontramos em situações difíceis. A alegria nasce das acções justas, a tristeza das mãs. A alegria é fruto do bem que se faz, da fidelidade aos compromissos, ao respeito da justiça. Enfim, a alegria nasce da nossa conversão ao bem. Para fazer isto o cristão deve ir contra corrente, não deve seguir as fátuas fórmulas de uma ética fraca, mas as palavras fortes e claras de João: é necessário mudar de direcção, é necessário operar o bem e praticar a justiça nas diferentes situações da família e do trabalho
É necessário coragem de falar da alegria numa sociedade como a nossa, prisioneira da ânsia de mil aflições quotidianas e do medo do amanhã. O futuro em vez de um horizonte de luz e de paz universal é nos apresentado como uma incubadora de medo e de terrorexistencial.
O Natal, pelo contrário, é uma chamada a vêr o futuro como portador de boas notícias.
Jesus vem entre nós e nós estamos contentes não porque estamos bem, mas porque Deus nos quer bem. E mesmo quando encontramo-nos na prova do sofrimento e da dor, a fé ajuda-nos a não perder coragem. Também Jesus foi crucificado. Mas o sucesso da sua vida foi a glória da resurreição. E depois da resurreição ele fica connosco na Eucaristia, para dar-nos a seiva vital de uma existência serena e alegre. O céu permanece azul, mesmo quando há nuvens escuras passageiras. Portanto compreendem-se as palavras do Apóstolos: «Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo o digo: alegrai-vos! Que a vossa bondade seja conhecida por todos. O Senhor está próximo. Por nada vos deixeis inquietar; pelo contrário: em tudo, pela oração e pela prece, apresentai os vossos pedidos a Deus em acções de graças. Então, a paz de Deus, que ultrapassa toda a inteligência, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesu» ( Fil 4,4-7)
Talvés este é o dom que o Senhor quer receber de nós no Natal: a nossa alegria, a nossa amabilidade, a nossa serenidade.
E se para fazer isto é preciso mudar de atitudes, gestos, comportamentos, palavras, façamos. Será um dom agradável ao Menino Jesus e ao nosso próximo.