Numa mensagem alusiva ao 20.º aniversário da assinatura do Acordo Geral de Paz, rubricado a 4 de Outubro, em Roma, entre o Governo e a Renamo, refere que a guerra foi uma tragédia onde as pessoas viviam num pesadelo sem fim, recordando ainda que “se hoje podemos sair para qualquer lugar do país, naquela altura era fácil ser morto pelo caminho”.
“No campo, a população era vítima de destruições, pilhagens, matanças. Não havia futuro. Para alcançar a paz foram necessários 27 meses de negociações entre o Governo e a Renamo, com a insólita mediação da Comunidade Sant’Egídio e de muitos homens de boa vontade, numa iniciativa cívica que teve como fundamento valorizar o que une, pondo de lado o que divide”.
A missiva à comunidade diz ainda que “muitos entre os moçambicanos, naquela altura, eram crianças. Esses hoje podem dizer “eu não sei nada disso”! Outros, que nem sequer tinham nascido, poderiam acrescentar: “eu nasci depois… o que tenho a ver com esta história?”. Todavia, ninguém aqui pode dizer que não precisa do ar que está a respirar. Este ar é a paz. A paz é o ar que nos permite de viver. No dia 4 de Outubro de 1992, os moçambicanos foram capazes de terminar a violência da guerra que é a mãe de todas as pobrezas. É uma memória que honra as pessoas que tomaram o risco de negociar a paz; mas sobretudo honra e orgulha todo o povo moçambicano”.
Para a Comunidade de Sant’Egídio, tal memória é a história do valor do diálogo, da não violência, da convivência democrática, “um valor que deve ser vivido e transmitido e a memória desse evento fundacional da história do país deve sempre permanecer. Esta paz é também uma responsabilidade que nos chama a mudar. A cada 4 de Outubro, e a cada dia, a nossa própria história nos indica um caminho melhor. Se há 20 anos os moçambicanos foram capazes de parar com a violência da guerra, hoje são chamados - somos chamados - a construir uma sociedade mais humana, onde não se pague o mal com o mal, onde o sentimento de desprezo para com o mendigo, o idoso, o estrangeiro, deixe espaço a uma cultura de acolhimento e de solidariedade”.
Para assinalar a efeméride, a organização italiana, mediadora do processo de paz em Moçambique, elaborou um vasto programa que inclui debates, palestras à escala nacional, com o propósito de reavivar o orgulho da paz.
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