Também este ano, um grupo de jovens estudantes universitários romanos passou parte de suas férias em Blantyre, segunda maior cidade do Malawi, com crianças acolhidas pelo centro DREAM para a luta contra a SIDA. E eles nos contaram o seu belíssimo verão:
“Fomos recebidos como numa grande família pelo carinho e a amizade de muitas pessoas que todos os dias vivem e espalham o espírito da Comunidade de Sant'Egidio no Malawi.
Mesmo em Blantyre, assim como em muitas outras cidades africanas está activo o programa DREAM. Num país onde muitas vezes é difícil ter água canalizada e eletricidade, o Centro DREAM é um oásis de excelência, ponto de referência e de esperança para muitos. No Centro DREAM nenhum detalhe é esquecido, mas o que o torna único é não só o profissionalismo, mas também a amizade e o carinho de muitos ativistas que cuidam de cada paciente espalhando uma mensagem de esperança pelos bairros de Blantyre.
Todos os dias os nossos activistas andam pelas ruas de Blantyre para visitar, procurar para todos aqueles pacientes que não conseguem chegar ao centro DREAM. Nessas duas semanas juntámo-nos a eles nas "visitas domiciliárias."

Durante uma dessas manhãs conhecemos Owen, uma criança HIV-positiva com 6 anos, mas que parecia muito mais nova porque a doença não permite que ele cresça como as outras crianças da sua idade. Andámos por mais de uma hora para chegar à sua aldeia. Ele vive com sua mãe, que também é HIV-positiva, e a irmã Joan, que felizmente nasceu saudável. O pai não está lá. Abandonou a família logo que descobriu que sua esposa tinha SIDA.
Somos recebidos com muito carinho e muito espanto. Não é normal que os brancos vão visitar os doentes aqui em Blantyre. Fazem-nos estar a vontade numa esteira. Em casa, uma pequena habitação de tijolos e barro, de um só quarto, não há nem camas nem cadeiras e, por isso, o lugar onde os hóspedes são recebidos é o espaço exterior.
Ficou hospitalizado por mais de um mês, por isso não podia ir para o centro. Mesmo agora que ele teve alta ainda está doente. Em seus olhos, vemos o sofrimento e, ao mesmo tempo, um pedido de ajuda.
Foi bom vê-lo de novo depois de alguns dias no centro nutricional de Machinjiri. Ai comem todos os dias mais de 800 crianças e sabemos que os ativistas cuidarão dele e ajudarão Owen para recuperar as suas forças.
A Comunidade sempre escolheu de colocar a periferia no centro. O centro nutricional João Paulo II está localizado numa das mais remotas e mais pobres zona da cidade e se tornou um símbolo de esperança, de renascimento e de confiança de que um futuro melhor é possível para todos, começando com as crianças.

Todos os dias é garantida uma refeição nutritiva para todas as crianças, mas para além da comida há muito mais, cada criança recebe o amor e o cuidado dos ativistas. Para crianças mais novas, há também uma escolinha. Foi muito bom ver realizado o sonho da nossa amiga Roberta: a escolinha a ela dedicada acolhe muitas crianças e Junia, a jovem professora delas, com muito profissionalismo as segue dia após dia, ensinando-as a ler, cantar e estar juntos em amizade.
Nessas duas semanas temos encontrado muitas crianças, fizemos com elas a Escola da Paz. Depois de um momento de timidez, as crianças acolheram com alegria e muita vontade de aprender as nossas atividades, muitas delas já não queriam sair da escola, nem se conseguia acabar com as fichas, mesmo quando a proposta era de ir jogar a futebol! No início, até mesmo as coisas mais simples, como pintar, apontar um lápis, escrever seus nomes, para eles eram novos e difíceis ensaios, apercebemo-nos de quantas crianças nunca tinham pegado num lápis na mão e nunca tinham visto as cores, mas dia após dia, juntos fomos capazes de fazer muita coisa.
Cada grupo de crianças tem criado alguns belíssimos cartazes que foram apresentados para os outros durante a festa final. Estavam todos muito orgulhosos e quando os colámos nas paredes do centro não paravam de olhar para eles e traziam amigos para os verem, como estivéssimos num museu perante as grandes obras de arte, e no fundo um pouco o era...
Neste curto espaço de tempo nasceram muitas amizades. Chisomo,de 9 anos, deficiente visual, cumprimentava-nos cada dia cantando para nós uma canção que lhe tínhamos ensinado o primeiro dia: "all together, all friends, let's go to the school of peace, let's join together".
Olá meus amigos! Era a saudação que nos dirigiam muitas crianças. Mercy, uma menina de 11 anos, escreveu uma carta a cada um de nós antes da nossa saida. Em cada carta sempre havia uma promessa e uma recomendação. A promessa de que ela nunca sed teria esquecida de nós e a recomendação para não esquecê-los e voltar em breve para passar com ela e outras crianças dias inesquecíveis como os que passamos juntos.

Muito bonita foi a visita ao reformatório de Mpemba onde muitas vezes vão os Jovens pela Paz de Blantyre. Lá vivem cerca de quarenta crianças de 6 a 14 anos. As crianças são muitas vezes acusadas de crimes muito graves. Não se sabe do que eles são culpados, mas o reformatório, paradoxalmente, muitas vezes é uma forma de salvar a vida delas. Na aldeia deles corriam o risco de serem linchadas.
Em seus olhos havia o desejo de ser crianças, de ter alguém que lhes considera como tais. Nós organizamos um grande jogo de futebol e outros jogos juntos e isso os tornou muito animados! Não paravam de agradecer e nós prometemos voltar em breve para outro grande torneio!
Voltando a pensanr nos momentos que passamos juntos, percebemos que o amor que temos dado nem sequer é comparável a tudo o que temos recebido! Partimos com um grande desejo de voltar para encontrar de novo os nossos amigos e juntos passar muitos dias mais belos e inesquecíveis!”.
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